Combustão humana espontânea!

Iniciado por Mestre Cruz, Setembro 25, 2018, 04:12:36 PM

Tópico anterior - Tópico seguinte

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Mestre Cruz

Corpos queimados sem qualquer explicação racional. Obra de psicopatas assassinos? Não.
Em muitos casos, trata-se da combustão humana espontânea, um dos mais complexos fenômenos estudados pela parapsicologia.

Uma pessoa absolutamente comum encontra-se em casa, sentada na poltrona da sala de visitas, vendo televisão ou ouvindo música. Ela está tão distraída que não percebe que a parte inferior de seu corpo está em chamas. Quando o tamanho das labaredas chega a ponto de despertar sua atenção, ela tenta entender por que não está sentindo dor. Seu cérebro procura assimilar aquilo de forma racional, mas não consegue: como é possível alguém pegar fogo sem perceber ou sentir dor? Se essa pessoa tiver sorte, o fogo irá se apagar sozinho ou com a ajuda de algum pano molhado. Caso contrário, ela vai queimar até virar cinzas.

Essa cena poderia muito bem ser parte de um filme de terror ou ficção científica, mas não é! Ela ilustra o fenômeno conhecido na parapsicologia como combustão humana espontânea -CHE (ou, em inglês, SHC: spontaneous human combustion), um dos mais difíceis de ser estudado e sobre o qual muitos cientistas preferem manter silêncio.


O parapsicólogo e escritor Georges Pasch disse que a "combustão espontânea de um corpo humano consiste de uma autoinflamação seguida pela combustão mais ou menos completa, sem causa reconhecível".

A definição pode parecer um tanto vazia, mas a verdade é que pouco ou nada se sabe sobre o acontecimento — como se inicia, como termina ou por que ocorre. Ao contrário da telepatia, clarividência e outros fenômenos paranormais, ele não pode ser reproduzido em laboratório sob um rigoroso controle por parte dos cientistas. Não apenas isso, até hoje a combustão humana não pôde ser explicada por nenhuma lei conhecida da física, química ou fisiologia.



Origem Desconhecida

Até há alguns anos, as tentativas de explicar a CHE buscavam ligar o fenômeno ao fato de as vítimas beberem muito álcool, o que já foi descartado: nem todas eram alcoólatras e, segundo os cientistas, antes de um corpo humano saturar-se de álcool por ingestão a pessoa morreria de outras causas.

Na verdade, a ciência sabe que o corpo humano é um péssimo combustível e não há lei natural capaz de mudar isso. Nenhuma alteração interna pode fazer com que um mau combustível transforme-se em bom. Alguns pesquisadores chegaram a tentar explicar certos casos afirmando que a vítima era fumante e havia se queimado por descuido — uma proposta simplesmente inviável sob todos os aspetos.

Para que um ser humano queime completamente, inclusive seus ossos, é necessário que ele seja exposto a uma temperatura de 1500ºC durante algumas horas. Os casos registrados variam, mas, em alguns, sabe-se que a vítima queimou em pouco tempo, talvez em minutos, sem que houvesse qualquer fonte de calor nas proximidades. Outro fato marcante é que os objetos próximos ao corpo são muito pouco afetados e, em alguns casos, não sofrem absolutamente nada — a pessoa fica reduzida a cinzas, inteira ou parcialmente, enquanto suas roupas e a cadeira em que ela se encontrava permanecem intactas. Uma possível explicação para isso é que a temperatura do fogo durante o fenômeno é muito baixa, incapaz de afetar qualquer objeto que não seja  o corpo.


Experiências
   
Na década de 60 surgiu uma hipótese conhecida como Efeito Vela ou Efeito Pavio para explicar a combustão humana espontânea. Segundo ela, as roupas da vítima poderiam funcionar como um invólucro, semelhante ao que acontece com as velas. Desta maneira, durante a incineração a gordura da pessoa se derreteria, sendo retida pela roupa e fornecendo material para que o fenômeno se mantivesse por várias horas.


O dr. Dougal Drysdale, da Universidade de Edinburgo, diz que o Efeito Vela é uma boa explicação, mas que ele anularia a palavra espontânea, uma vez que a combustão seria provocada por fator externo. Para tentar comprovar essa teoria, o dr. John D. DeHaan, do Instituto Criminalista da Califórnia, EUA, resolveu realizar uma experiência utilizando a carcaça de um porco que, segundo ele, assemelha-se bastante ao ser humano em quantidade de gordura. A carcaça foi envolvida em um cobertor e, sobre ele, derramou-se gasolina para iniciar o fogo.


O resultado obtido foi o esperado: o animal queimou durante horas, produzindo chamas pequenas, mas com temperaturas que chegaram a 800 graus Celsius. Após 5 horas, os ossos estavam reduzidos a pó. Os estragos do fogo no aposento foram mínimos, como ocorre na combustão humana espontânea.


Ainda assim, segundo cientistas, a experiência não conseguiu fornecer respostas para as perguntas mais complexas, como por exemplo, a quantidade de fumaça produzida no aposento foi imensa, o que chamaria a atenção de qualquer pessoa que estivesse nas proximidades, sem falar no odor resultante da queima. Da mesma forma, seria obrigatório que em todos os casos de CHE as vítimas estivessem totalmente incapacitadas antes que seus corpos começassem a arder — uma pessoa em chamas se debateria muito, e não houve sinais disso em qualquer dos acontecimentos registrados até hoje.


Um dos aspectos mais intrigantes continua sendo o tempo de duração do fenômeno. Em vários casos, a combustão total do corpo parece ter ocorrido em questão de minutos, não em cinco horas. O próprio dr. DeHaan afirrmou que, se esse tempo for confirmado, ele não terá como sequer teorizar a respeito.

Sobreviventes
   
A estranha combustão espontânea de corpos humanos até poderia ser atribuída a fatores externos, como um cigarro ou fósforo derrubados na roupa, não fossem os casos em que as vítimas sobreviveram ou aqueles presenciados por testemunhas. Estes são muito raros e pouco documentados, mas existem relatos de pessoas que viram outras repentinamente explodindo em chamas sem que houvesse qualquer fonte de ignição nas proximidades.


     As vítimas que não tiveram seus corpos totalmente destruídos são testemunhas vivas do fato. Georges Pasch cita algumas que tiveram membros queimados por um fogo de chama azulada, que surgiu sem qualquer explicação e foi difícil de ser apagado. Num desses casos, um homem estava voltando para casa quando percebeu uma pequena chama na perna. Ele conseguiu apagá-la, mas a perna ficou marcada por muito tempo, enquanto que a calça não foi nem chamuscada.


     A dificuldade em apagar o fogo é uma característica nos casos de chamas localizadas, como o caso de um jovem que teve as mãos cobertas por chamas azuis e que os vizinhos tentaram apagar colocando-as na água. Enquanto estavam submersas, o fogo sumia, mas tão logo eram retiradas, as chamas voltavam ao mesmo tempo em que um líquido semelhante a óleo escorria das mãos. Já foram registrados casos em que as chamas aumentaram de intensidade quando molhadas, ou passaram para a pessoa que tentava apagá-las.


     Uma característica igualmente estranha do fenômeno é que, em alguns casos, a vítima sequer percebe o que está acontecendo. Testemunhas já viram gente com parte do corpo ardendo enquanto continuavam a executar suas tarefas calmamente. Esse ponto é ressaltado por alguns pesquisadores como um possível complemento aos casos em que a combustão causa a morte sem que a vítima tenha gritado e chamado a atenção de outros para o que estava acontecendo. Ou elas não sentiram dor, ou o fenômeno ocorreu de forma tão rápida que não houve tempo de reação.



Condições Astronômicas

    Uma das tentativas de explicar a CHE busca uma relação com a atividade magnética do Sol. Alguns pesquisadores dizem que os períodos de pico da atividade magnética solar coincidem com a maioria dos casos de combustão, o que fez muitos cientistas considerarem a possibilidade do fenômeno estar ligado às estruturas magnéticas do corpo humano, algo muito pouco conhecido.


     A noção tem seus adeptos, segundo os quais a força do campo magnético terrestre aumenta ou diminui de acordo com a atividade do Sol. Assim, o fenômeno seria resultado de uma enorme cadeia de fatos ligados às condições astronômicas e à possível localização da vítima que, num determinado momento, estaria em um ponto de intensa atividade magnética.


     Os parapsicólogos dizem que as considerações de natureza física, química ou fisiológica não podem explicar a combustão. Alguns estudiosos do assunto chegaram a sugerir que as vítimas poderiam ser pessoas que haviam desistido de viver e, com isso, estariam realizando um 'suicídio psíquico', liberando de uma só vez e de forma violenta suas reservas de energia física e psíquica. Essa explicação, contudo, em nada esclarece a forma pela qual o fenômeno acontece.


     Parapsicólogos modernos, como Georges Pasch, levantam a possibilidade de que, assim como existe o corpo físico, o corpo vegetativo, a mente consciente e o inconsciente, o ser humano também possui um corpo astral — que seria o responsável pela maior parte dos fenômenos paranormais, inclusive a combustão espontânea. Não é exatamente uma teoria nova, mas ela vem sendo cada vez mais citada como uma possibilidade de explicação para vários fenômenos que deixam os cientistas boquiabertos e incapazes de qualquer ação. Contudo, o modo como o fenômeno ocorre continua sendo uma pergunta em busca urgente de uma resposta.


     Espera-se que alguém consiga desvendar o mistério no prazo mais curto possível, pois a autocombustão de corpos representa um dos mais complexos e aterrorizantes acontecimentos paranormais da história humana.




Fenômeno Antigo

    Alguns citam exemplos de combustão humana espontânea na Bíblia, mas os parapsicólogos costumam rejeitar isso devido à impossibilidade de comprovação científica. Historicamente, a primeira tentativa de registrar a CHE de maneira séria foi em 1763, com o livro De Incendiis Corporis Humani Spontaneis, escrito pelo francês Jonas Dupont. A obra traz uma série de casos e observações sobre o fenômeno. Ao que tudo indica, a inspiração para esse trabalho veio de um caso ocorrido em 1725, quando Nicole Millet foi encontrada morta e seu marido acusado do crime. No julgamento, um médico convenceu a corte de que o corpo havia se autoincendiado, e o veredicto acabou sendo morte por intervenção divina.


     No século XIX, dois livros também tocaram no assunto, ainda que de forma fictícia. Um deles foi Jacob Faithful, escrito por Captain Marryat, em 1832,  contendo detalhes de um caso de combustão humana descrito pelo jornal londrino Times. O outro, mais conhecido, foi Bleak House, de Charles Dickens, em 1852. Surgiram algumas críticas acusando Dickens de divulgar superstições, mas o escritor respondeu aos ataques citando suas fontes de pesquisa sobre combustão humana espontânea — especialmente o caso da Condessa Cornelia de Bandi, de Cesena, Itália, ocorrido em 1731 — e o de Nicole Millet.


     Os casos de CHE, ainda que possam ter ocorrido com alguma freqüência desde essa época, só foram ganhar notoriedade e realmente chamar a atenção dos pesquisadores em 1951, com a combustão de Mary Reeser, de St. Petersburg, Flórida, tido como o acontecimento clássico do gênero e citado em quase todos os estudos científicos.